Há alguns dias, olhei para o meu jardim e percebi que era hora de podar as rosas. Confesso que, para mim, jardinar é um ato de conexão. É o meu momento de silêncio, de introspeção, e há algo na terra, nas plantas, que me chama sempre de volta ao essencial. Mas naquela manhã, enquanto segurava as tesouras, algo mudou. O que começou como uma tarefa rotineira transformou-se numa experiência de renovação profunda.
À medida que cortava os ramos secos, fui tomada por uma sensação de leveza, como se cada corte libertasse mais do que apenas galhos. Era como se, naquele gesto, eu estivesse a cortar algo dentro de mim também — padrões antigos, pensamentos que já não faziam sentido, e até aquelas emoções que, sem perceber, fui acumulando. Cada ramo que caía ao chão era um pequeno alívio, uma libertação. As rosas, ao serem podadas, ganhavam espaço para crescer; e senti o mesmo dentro de mim.
A Metáfora das Rosas e da Vida
O que me tocou mais nesse momento foi perceber que a poda das rosas não é apenas sobre cortar o que está morto ou seco. Muitas vezes, é preciso cortar ramos que parecem saudáveis para que a planta possa florescer ainda mais. E, se pensarmos bem, a vida não é diferente. Quantas vezes nos apegamos ao que parece seguro ou familiar, mesmo sabendo que já não nos serve?
É um processo de avaliar e decidir o que fica e o que vai, para que a planta tenha espaço para florescer de forma harmoniosa. Tal como nas nossas vidas, há momentos em que precisamos de ponderar e escolher com cuidado. O equilíbrio não surge ao acaso; ele é o resultado de escolhas intencionais.
Quando é o Momento Certo para Podar?
Na jardinagem, há um momento certo para podar — quando a planta está em dormência ou após a floração, para que ela tenha tempo de se renovar. Da mesma forma, nós também temos os nossos momentos certos para podar internamente. Por vezes, somos empurradas pela intuição para refletir, reorganizar, e perceber o que já não faz sentido manter.
Nem sempre é fácil, mas quando sentimos essa necessidade de parar, é um convite para deixar ir o que já não nos serve. É um momento de olhar para dentro e perguntar: “O que estou a segurar que já não me faz florescer?”. Esses momentos de introspeção são como um espelho, mostrando-nos que é hora de libertar o velho para abrir espaço ao novo.
A Poda como Ato de Desapego e Renovação
Desapegar é um ato corajoso. Ao cortar um ramo de uma rosa que ainda parece saudável, temos de confiar que estamos a fazer o melhor para o futuro da planta. Na vida, é igual. Às vezes, precisamos de soltar aquilo que foi importante, mas que agora está a ocupar o espaço onde algo novo pode crescer.
Esses “ramos secos” podem ser memórias antigas, relações que já não nutrem a nossa alma, ou padrões de pensamento que nos prendem a um ciclo sem fim. O ato de podar é, então, um gesto de amor próprio — é dizer “sim” ao que está por vir e “não” ao que já cumpriu o seu papel.
O Ritual da Poda: Como Aplicar na Vida
Gostava de te convidar a fazeres uma reflexão: O que precisas de podar na tua vida? Aqui ficam algumas práticas que me ajudam nesse processo:
Identifica o que Precisa de Ser Solto
- Pensa no que já não traz leveza à tua vida. Pode ser um pensamento repetitivo, um hábito ou até uma relação que já não se alinha com quem és. O primeiro passo é reconhecer o que precisa de ser cortado.
Confia no Desapego
- Tal como na poda das rosas, nem sempre é fácil deixar ir, mas é necessário. Desapegar não é esquecer; é libertar para crescer. Quando cortas, lembra-te de que estás a abrir espaço para algo novo.
Medita e Reflete
- A meditação tem sido uma ferramenta poderosa para mim. Conecta-te contigo mesma através do silêncio ou da escrita. Às vezes, as respostas que procuramos surgem nos momentos mais simples.
Abraça o Processo de Florescimento
- Confia que cada ramo cortado, cada desapego, é um passo na direção do teu florescimento. Pode ser desconfortável, mas é exatamente isso que permite que a tua essência cresça com mais força e autenticidade.
A temporada de Balança surge após Virgem, uma fase em que nos organizamos e cuidamos dos detalhes. Agora, em Balança, é tempo de aplicar essa organização na forma como nos relacionamos com o mundo, connosco mesmas e com os outros. Para equilibrar, é preciso decidir o que é essencial e o que é preciso soltar.
Na natureza, as rosas precisam de ser podadas para florescerem de forma harmoniosa. E na vida, para que possamos encontrar equilíbrio, é necessário escolher o que nutrimos e o que deixamos ir. A temporada de Balança é um convite a escolher conscientemente o que queremos cultivar nas nossas vidas e a soltar o que nos desvia do nosso caminho.
O que estás pronta para escolher na tua vida? O que precisas de ajustar para que o teu caminho se alinhe com a tua verdade e te traga mais equilíbrio?
Desejo-te uma temporada de escolhas conscientes, harmonia e florescimento.
De tesoura na mão a cortar com cuidado,