Cresci a procurar respostas no céu: A minha Jornada da Fé

Desde pequena, a minha vida foi moldada pela espiritualidade e pela devoção, nascidas e alimentadas no seio da Igreja Católica. Os meus primeiros passos de fé foram dados sob a orientação das orações, dos ensinamentos bíblicos e do exemplo de compaixão de Jesus, o grande arquétipo da Igreja. Aprendi a rezar, a procurar o perdão, a valorizar a irmandade e a humildade. A igreja foi, por muito tempo, o meu refúgio, e o céu, o meu ponto de referência. Cada vez que levantava os olhos, sabia que lá em cima estava a resposta, uma orientação divina, uma presença.

Mas, como qualquer jornada, a minha fé foi colocada à prova. Na adolescência, um momento marcante, que até hoje carrego na memória, abalou as minhas crenças mais profundas. Fui confrontada com uma desilusão tão intensa que, pela primeira vez, questionei tudo o que sabia sobre fé, Deus e espiritualidade. Aquele que me orientava, que representava para mim a voz de Deus na Terra, mostrou-se humano demais, falível demais. A dor que senti foi imensa; senti que o chão me foi retirado e que aquilo que eu acreditava ser a verdade desmoronava.

A Desilusão e o Afastamento

Esse momento foi decisivo: afastei-me completamente da Igreja Católica. Recusei-me a entrar em templos, a ouvir sermões, a olhar para imagens de santos ou arcanjos. Tudo aquilo que antes me trazia conforto passou a ser um peso, um símbolo de algo que não conseguia mais aceitar. Lembro-me de pensar: “Se Deus é como ele, então Deus não pode ser bom.” A minha fé transformou-se em descrença, e o lugar que antes era sagrado passou a ser um espaço de revolta e frustração.

Foi uma fase de profunda crise de fé. Sentia-me perdida, e o vazio que a igreja deixou parecia impossível de preencher. No entanto, mesmo com todo esse ceticismo, havia algo em mim que resistia. Havia uma chama, pequena, mas constante, que me fazia olhar para o céu, ainda que de forma hesitante. A fé, no fundo, nunca me deixou; estava lá, à espera de ser reconectada de outra forma. Apesar de ter perdido a confiança nos símbolos que conhecia, a ligação com o “alto” continuava presente.

Estava habituada a olhar para cima, e esse hábito, mesmo nas sombras da desilusão, foi o que me trouxe respostas.

Foi essa pequena chama que me abriu as portas para a astrologia. Por mais que eu tivesse rejeitado tudo o que representava a igreja, o hábito de buscar respostas no céu não desapareceu. O céu que antes era habitado por santos, anjos e arcanjos, passou a ser um lugar de mistérios, de estrelas, planetas, aspetos e constelações. Ainda olhava para cima, mas agora, procurava algo diferente as respostas tinham outra linguagem.

A minha curiosidade levou-me a explorar outros caminhos, outras formas de compreender o universo e a minha existência nele. E foi assim que a astrologia se apresentou como um novo Dialeto, uma nova forma de fé que não exigia dogmas, mas sim a conexão com a natureza, com os ciclos da vida e com a energia cósmica. Percebi que, no fundo, continuava a procurar a mesma coisa: sentido, orientação e um lugar onde pudesse ancorar a minha fé, mas, desta vez, com uma abordagem mais livre e expansiva.

A astrologia mostrou-me que o céu é muito mais do que um lugar de devoção; é um mapa, uma bússola que nos orienta e nos ensina a caminhar em sintonia com o universo. Foi quando comecei a estudar astrologia que entendi que, por trás dos movimentos dos astros, há um propósito, um plano maior que se desenrola constantemente. Os planetas e as estrelas tornaram-se os “santos” que eu agora seguia, e os seus movimentos, as “orações” que eu recitava.

Uma Nova Forma de Fé

A astrologia ensinou-me que a fé não precisa de estar presa a uma religião específica; ela pode ser algo fluido, adaptável, que se transforma com o tempo. E foi precisamente essa transformação que me permitiu aceitar o meu percurso inicial na Igreja Católica. Percebi que, mesmo tendo-me afastado dos templos e dos símbolos, a base espiritual que recebi na infância foi o que me permitiu continuar a acreditar, mesmo quando tudo parecia vazio. Era como se, em vez de olhar para cima e ver apenas santos e arcanjos, eu visse agora planetas e estrelas, que continuavam a guiar-me e a ensinar-me.

Ainda assim, reconheço que a minha experiência na Igreja foi essencial para a minha jornada. As lições que aprendi sobre compaixão, humildade e perdão tornaram-se pilares que continuo a honrar, mesmo que a minha forma de expressar a fé seja agora diferente. A astrologia trouxe-me uma fé renovada, que respeita a minha individualidade e liberdade, que não me impõe dogmas, mas que me convida a explorar, a questionar e a conectar-me com o todo.

Às vezes, é preciso perder o chão para redescobrir o céu.

Hoje, vejo o meu percurso com gratidão. A desilusão que senti foi o gatilho que me empurrou para uma busca mais profunda, mais autêntica. Ao abrir-me para a astrologia, permiti-me ser quem sou verdadeiramente, e isso levou-me a um reencontro com a fé, mas de uma forma que me faz sentir inteira e em paz.

Olhando para trás, percebo que todas as fases, desde a educação católica até ao estudo da astrologia, foram partes de um mesmo percurso espiritual, uma espiral que me levou sempre mais perto de mim mesma. O céu continua a ser o meu guia, mas agora vejo-o de forma mais abrangente. Nele, encontro respostas e sinais, mas também encontro a liberdade de ser quem sou, sem as limitações que antes me prendiam.

A minha história é a prova de que a fé não é algo rígido, mas sim um processo contínuo de transformação e renovação. O caminho que escolhemos trilhar pode mudar, mas a essência permanece: a busca por sentido, por conexão e, sobretudo, por viver em verdade.

E tu, já te permitiste explorar novos céus na tua jornada espiritual?

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